domingo, agosto 20, 2006

Sol Sem Sul

Mato o sol com a lua que não vejo, sinto o sol na pele que não sinto... penso inevitavelmente em ti... olho as paredes amarelas descansando a sombra e penso inevitavelmente em ti...
Procuro numa lua quase cheia o conforto de não te perder, recupero o fôlego em mais uma baforada de um camelo adormecido, absorvo o sol numa lua telescopicamente enevoada, precorro na pele que não sinto o fim da liberdade no vermelho que passa de dentro para fora.
Aqui o sol chora antes de dormir, acorda cedo, violento, toca tudo, sendo... Cedo, só, violento, único, mas sem só. Fito-o a medo, escondo-me e reapareço cobardemente, ele lá está, não foge, não muda...
Estranho a estranha sensação de ainda estranhar, tacteio saltitando a consternação de ainda sentir, pulo até à sombra quente que tem ainda o teu cheiro, perco-me lá tentando encontrar-te, sei que estás, estarás depois de hoje...
Por mim tudo como sempre, memórias que agarram, saudades do futuro que não existe, tempo para não ter tempo, o sul sem norte, a vontade da não vontade, uma imagem agradavél sem definição...
Hoje aqui, volto para ai, não paro de estar ai, prendo-me às origens por muito que elas me afastem, engulo o fôlego para o recupera logo depois, para mim tudo igual, sem pressas, sem vontade. apenas o querer ficar aqui na sombra fumando...
De mim o mesmo... Sempre...




Portugal sul 7/8/2006

2 comentários:

Cinza disse...

Criação de uma imagem tão pura que quase vemos essa sombra de cigarro... esse sol e essa lua... Mais! O povo (eu) pede mais textos assim!

Unknown disse...

O Viajante tem mais piada...
VIVA O MIGUEL !